oposição discursiva, devemos distinguir entre os episódios de
contradição conversacional e o diferendo argumentativo.
Segundo a visão dos analistas da conversação, uma argumentação
corresponde a «acontecimentos discursivos de desacordo relevante
baseados na irrupção de uma rutura quanto à resposta desejada numa
conversação» (Jackson & Jacobs, 1980: 254). Trata-se de episódios de
contradição conversacional que, segundo Plantin, podem ser
caracterizados pela sua ocorrência não ser planificada, pelo seu
desenvolvimento ser igualmente não planificado, pela tensão que
suscitam, podendo revelar-se como uma ameaça à relação (afirmar a sua
diferença, persistindo no seu discurso) e como uma ameaça às faces
(perder a face, sacrificar a sua diferença, renunciando ao seu discurso).
Já o caso do diferendo argumentativo se caracteriza pelo facto de ser
ratificado e tematizado, de poder ocorrer num sítio institucional (tribunal,
conselho, etc.), da interação estar organizada em torno do conflito que lhe
preexiste, por dar lugar a intervenções desenvolvidas e planificadas e,
finalmente, pelo conflito (a resolver ou a aprofundar) ser a razão de ser do
seu curso.