TIPOLOGIA DE DIÁLOGOS
Há abordagens normativas que se propõem pensar as regras de avaliação
das argumentações tendo em consideração os seus objetivos pragmáticos.
Douglas Walton lidera esta visão que pode ser designada como
«pragmática normativa». Para delimitar os objetivos de uma interação,
torna-se então necessário proceder a duas tarefas: por um lado,
inventariar e tipificar formas de diálogo consoante as finalidades que estão
em causa; por outro, avaliar os vários lances dos argumentadores tendo
em consideração o contributo que eles apresentam para a realização da
finalidade do diálogo. Neste sentido, os contextos a serem considerados
primacialmente na avaliação de uma argumentação são os contextos
dialógicos dirigidos por finalidades, o que permite classificar a interação
como pertencendo a um determinado tipo de diálogo. É também possível,
através desta conceção, não só eleger a persuasão, porquanto remete
para a discussão crítica, como o diálogo que é, por excelência, uma
argumentação, como também perceber a presença de oscilações e
mudanças que ocorrem nas interações. Walton apresenta várias tipologias
de diálogo. Vejamos a seguinte (Walton, 1989: 10):
A valia desta tipologia reside em chamar-nos a atenção para a importância
de considerar a argumentação em função de objetivos e de contextos
determinados por finalidades. A sua fraqueza revela-se de um ponto de
vista prático: as interações não vêm organizadas sob a forma de diálogos
tipificados nem dirigidas apenas a uma finalidade. Numa argumentação há
um assunto que está em questão e o seu contexto, em termos de
finalidades, é não só multidimensional como vai sendo construído na
própria interação. Neste sentido, o isolamento da tipificação coloca
problemas com o que se passa nas interações reais e, apesar de Walton
tentar resolver este problema através da atenção dada às oscilações e
mudanças que se verificam numa interação em termos do tipo de diálogo,
vendo mesmo nessas possíveis mudanças a emergência de falácias,
parece-nos que esta teorização, sendo construída de cima para baixo (de
tipos para situações concretas) passa ao lado do próprio desenho dos
assuntos na interação, cuja captação é mais consonante com uma leitura
que parte do concreto e do casuístico do que de tipos ideais.


Rui Alexandre Grácio
 
VocAbulário
 
© Rui GrÁcio 2015