TOPOI
Num sentido genérico pode dizer-se, com Walter Ong, que os topoi
(singular
topos) são «nódulos de associação activa para ideias» ou seja,
representam categorias e relações que podem funcionar como modelos
heurísticos a partir dos quais podemos descobrir modos de abordar e falar
sobre os assuntos. Nesse sentido os
topoi funcionam como pivots na
produção do discurso e a um conjunto mais ou menos sistematizados de
topoi dá-se o nome de «tópica». Segundo Balkin (1996), a ideia de topos 
ou lugar comum é uma metáfora espacial que remete para cinco sentidos
entrelaçados entre si: «em primeiro, os tópicos são lugares a partir dos
quais podemos argumentar. Em segundo, os tópicos são ‘lugares-comuns’,
ou seja, conceitos, assuntos ou máximas que são largamente partilhados
na cultura ou estão associados à sabedoria que foi destilada para o senso
comum. Em terceiro, os tópicos são como arrumos ou caixas nas quais
situações ou acontecimentos podem ser colocados, categorizados e
organizados no seu próprio lugar. Em quarto, Aristóteles sugere que os
tópicos correspondem a lugares na mente de onde diferentes argumentos
podem ser retirados. Finalmente, tal como as coisas aparecem
diferentemente de diferentes lugares, pode pensar-se nos tópicos como
uma perspetiva ou um modo de olhar as coisas».
Os topoi têm três propriedades principais: caracterizam-se por ser,
simultaneamente, analíticos (fornecem uma perspetiva mental a partir da
qual podemos analisar os assuntos), vazios de conteúdo (no sentido de se
aplicarem a uma diversidade de casos específicos) e comuns (pois são
partilhados socialmente) (cf. Hauser, 2002: 111-112). Já para Rolland
Barthes & Jean Louis Bouttes, (1987: 274) podem reconhecer-se nos
lugares comuns quatro traços constituintes: «a
repetição (critério
propriamente linguístico), a
historicidade (o lugar-comum nasce, triunfa,
passa, é substituído por outro) a
sociabilidade (a consciência do lugar-
comum em geral, e de determinado lugar-comum particular, depende do
meio social) e o
valor (percebido, o lugar comum é objeto de apreciação
frequentemente depreciativa)». Uma das formas das formas de assinalar
depreciativamente o lugar-comum é o de o considerar como um mero
estereótipo ou como um
cliché, ou seja, um pronto a pensar do espírito e
uma forma de pensar por defeito.




Rui Alexandre Grácio
 
VocAbulário
 
© Rui GrÁcio 2015