propõe uma conceção de argumentação em que a finalidade é a de
explorar as situações de desacordo com base nos pontos de acordo que
podem ser alcançados.
Neste sentido, escreve, «a argumentação coalescente é a implementação
de métodos e de técnicas que aumentam o elemento heurístico e
diminuem o elemento erístico, mantendo simultaneamente uma atitude
realista quanto à natureza essencialmente orientada por objetivos da
maior parte das argumentações» (Gilbert, 1997: 108).
Poder-se-ia também dizer que as interações argumentativas guiadas pelo
ideal de coalescência, mais do que a análise e o juízo, premeiam a leitura
e a compreensão, vendo as teses como «ícones de posições que são
realmente muito mais ricas e profundas» (Gilbert, 1997: 105) e
considerando que uma posição é «uma matriz de convicções, atitudes,
emoções,
insights e valores relacionados com a tese» (Gilbert, 1997:
105).
De certa maneira o ideal de coalescência permite articular dois tipos de
objetivos que coexistem nas interações argumentativas: por um lado, os
objetivos relacionados com aquilo que cada parte pretende (task goals)
e, por outro, os objetivos relacionados com a gestão da relação ou das
«faces» (face goals) que se coloca sempre quando estamos perante uma
situação conflitual.
A argumentação coalescente dá de certa maneira espaço a cada
interlocutor sem dramatizar ou diabolizar as diferenças e coloca a
tónica quer na complexidade dos próprios assuntos que são objeto de
desacordo, quer no carácter multimodal da comunicação envolvida nas
argumentações e relativamente à qual os juízos apressados se revelam
imprudentes.
Nesse sentido, mais do que a lógica ganhar/perder, a argumentação
coalescente pauta-se pela lógica do ganhar/ganhar: as partes saem mais
enriquecidas com a compreensão da posição dos outros e com a
possibilidade de estabelecer pontes entre as diferentes posições. A
argumentação coalescente premeia, por conseguinte, a empatia.