TIPOLOGIAS ARGUMENTATIVAS  (TOULMIN,
RIEKE & JANIK)
Toulmin, Rieke e Janik estabeleceram uma classificação dos argumentos
que engloba cinco tipos: o raciocínio pela analogia, generalização, signo,
causa e autoridade, acrescentando a esta lista as argumentações pelo
dilema, classificação, opostos e grau, advertindo ainda que não é possível
fazer uma listagem exaustiva de tipos de argumentos. Vejamos,
sumariamente, como é que os autores caracterizam os tipos de raciocínio
apresentados.
No raciocínio pela analogia «assumimos que há similitudes suficientes
entre duas coisas para suportar a tese de que o que é verdade para uma é
também verdade para outra (1984: 216). Fácil será ver que a refutação
do raciocínio analógico se baseará na ideia de que se estão a comparar
coisas que são essencialmente diferentes, ou seja, que não partilham das
mesmas características relevantes. De notar, também, que a analogia
pode ser usada não apenas para afirmar a verdade de uma proposição,
mas a justeza de uma forma de considerar os assuntos em questão.
O raciocínio pela generalização: «quando pessoas ou objetos são
suficientemente parecidos, torna-se possível agrupá-los em populações, ou
‘espécies’, e estabelecer teses gerais acerca deles» (1984: 219).
Naturalmente que a refutação do raciocínio pela generalização remeterá
para a acusação de que as instâncias particulares consideradas não são
suficientemente seguras para se generalizar.
O raciocínio pelo signo: «sempre que se pode esperar fiavelmente que o
signo e o seu referente podem ocorrer conjuntamente, o facto de
observarmos o signo pode ser usado para suportar a tese acerca da
presença do objeto ou da situação a que o signo se refere» (1984: 33).
Por exemplo, se virmos uma bandeira a meia-haste numa instituição, isso
pode ser sinal de que faleceu alguém ligado a essa instituição. Da mesmo
forma, se virmos fumo, podemos pensar que haverá fogo. Claro que este
tipo de inferência pode ser criticada quanto ao nível de certeza que
permite associar o signo ao que supostamente ele assinala.
O raciocínio pela causa estabelece uma conexão causal entre dois
acontecimentos, vendo num a causa e noutro o efeito. A crítica de uma tal
forma de argumentar incide na capacidade de estabelecer com certeza e
de uma forma probativa que há efetivamente uma relação de causa-efeito
entre os dois eventos.
O raciocínio pela autoridade é essencialmente um raciocínio cuja validade
se suporta pela referência a alguém que é supostamente credível e
conhecedor. A crítica a esta forma de raciocinar reside quer no
questionamento da credibilidade de quem é apresentado como autoridade,
quer na interrogação da sua legitimidade enquanto autoridade.
No raciocínio pelo dilema «uma tese assenta sobre a garantia de que
apenas duas escolhas ou explicações são possíveis e ambas são más»
(1984: 231). A crítica a esta forma de raciocinar é justamente mostrar
que há mais do que as escolhas propostas.
Os argumentos pela classificação, pelos opostos e pelo grau são muito
frequentes no raciocínio prático: nos primeiros, argumenta-se a partir das
características típicas que definem o conceito de algo; nos segundos,
argumenta-se a diferença total entre coisas a partir de certos aspectos
que as diferenciam; na terceira, argumenta-se a partir de uma graduação
que permite diferenciar coisas que parecem semelhantes.



Rui Alexandre Grácio
 
VocAbulário
 
© Rui GrÁcio 2015