Visada argumentativa e dimensão
argumentativa
Numa conceção que vê a argumentatividade como inerente ao discurso,
esta distinção entre visada argumentativa e dimensão argumentativa
permite diferenciar
gradativamente os discursos nos quais a intenção de
persuadir é explícita daqueles em que ela não o é. No primeiro caso dir-
se-á que há uma visada argumentativa, no segundo que o discurso possui
uma dimensão argumentativa. «O uso da palavra está necessariamente
ligado à questão da eficácia. Que ele vise uma multidão indistinta, um
grupo definido ou um auditor privilegiado, o discurso procura sempre ter
impacto sobre o seu público. Esforça-se frequentemente para fazer aderir
a uma tese: tem então uma
visada argumentativa. Mas pode também,
mais modestamente, procurar fazer infletir formas de ver e de sentir:
possui, nesse caso, uma
dimensão argumentativa» (Amossy, 2006: 1).
Já numa conceção que associa a interação argumentativa a uma situação
de interlocução a
gradação estabelece-se entre o díptico argumentativo
em que se origina uma argumentação e a tematização da oposição através
de turnos de palavra polarizados num assunto em questão. É neste último
sentido que Plantin escreve que «uma dada situação linguageira começa a
tornar-se argumentativa quando se manifesta uma oposição de discursos.
Dois monólogos justapostos, contraditórios, sem alusão um ao outro,
constituem um díptico argumentativo. É sem dúvida a forma
argumentativa de base: cada um repete a sua posição. A comunicação é
plenamente argumentativa quando esta diferença é problematizada numa
Questão e se destacam nitidamente os três papéis de atuação do
Proponente, do Oponente e do Terceiro» (Plantin, 2005: 63).

Rui Alexandre Grácio
 
VocAbulário
 
© Rui GrÁcio 2015